Chegar
à terceira idade bem fisicamente é um grande desafio. O corpo já
não responde aos mesmos estímulos e a disposição nem sempre
acompanha o ritmo frenético das mudanças cotidianas. É preciso ter
força de vontade e energia para ir além, superar limites e viver
mais feliz.
O sedentarismo, dizem os especialistas, é a
“praga” do mundo moderno e globalizado. Trabalhar contra esse mal
ainda na juventude pode ser, portanto, a grande chave para chegar à
idade madura sem prejuízos para a saúde. “É preciso se preparar
para a terceira idade enquanto se é jovem ainda”, alerta Sandra
Matsudo, professora doutora em Ciência pela Universidade de São
Paulo e diretora geral do CELAFISCS – Centro de Estudos do
Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul.
“A
perda de fibra muscular começa a acontecer entre os 25 e 30 anos, e
aos 20 anos a pessoa já começa a perder o hormônio de crescimento.
Quando chega aos 70 anos, esses níveis de hormônio já chegaram a
somente 50%”, explica Sandra.
Dentre
as muitas opções de modalidades esportivas que podem auxiliar os
mais velhos, o ciclismo colabora consideravelmente com o ganho de
massa muscular, com a recuperação do condicionamento físico e
trabalha um ponto muito importante – e geralmente deficiente – em
quem atinge a terceira idade: a noção de equilíbrio.
“Quando
as pessoas idosas praticam o ciclismo, privilegiam o trabalho de
resistência e força, mas esquecem de trabalhar o equilíbrio. Ele é
importante para evitar quedas e lesões dentro do esporte e ajuda em
todas as atividades rotineiras que a pessoa irá realizar”, garante
a professora.
André
Pedrinelli, ortopedista, traumatologista, médico do esporte e
diretor do Comitê de Trauma do Esporte da Sociedade Brasileira de
Ortopedia e Traumatologia, concorda. “Trabalhar o equilíbrio é um
dos fatores mais importantes quando as pessoas mais velhas andam de
bicicleta, seja na academia ou nas ruas. Vale lembrar que, em
ambientes externos, a preocupação com a segurança também deve ser
levada em consideração”, diz Pedrinelli.
Dentre
as vantagens já conhecidas do ciclismo, estão a facilidade na
queima de gordura, perda de peso, o pequeno impacto causado pelos
movimentos e a ação tonificadora e de fortalecimento de coxas,
panturrilhas, glúteos e abdome. Além disso, pedalar regularmente
reduz a suscetibilidade a males relacionados com o estilo de vida
moderno, como o estresse e a hipertensão. Estudos indicam que andar
de bicicleta durante meia hora por dia aumenta o metabolismo em oito
calorias ao minuto e o consumo de gordura pode chegar a 11kg por ano.
“Qualquer
atividade física é boa, mas o esporte nem sempre é sinônimo de
saúde quando se comete exageros”, adverte Maurício Garcia,
Coordenador do Setor de Fisioterapia do Instituto Cohen de Ortopedia,
Reabilitação e Medicina do Esporte, e Fisioterapeuta do Centro de
Traumatologia do Esporte da Unifesp. “É preciso estabelecer
limites antes de atingir a intensidade nas pedaladas, e isso só é
possível quando se consulta um avaliador físico. Ele analisa todo o
aparelho locomotor, a saúde, o biotipo e as necessidades do
indivíduo”, diz.
A
partir dessa avaliação física, outros fatores importantes serão
priorizados, como a ergonomia, que vai ajudar a manter uma postura
correta e evitar lesões, além da velocidade a ser alcançada, a
força e a intensidade dos movimentos. O grande resultado, quando
todos estes dados são levados em conta, é o ganho de performance e
a melhora no condicionamento.
Passear
no parque, treinar na academia ou aproveitar momentos de relaxamento
na bicicleta ergométrica, em casa, são ótimas pedidas para quem
quer manter a saúde e garantir a manutenção do condicionamento
físico com longevidade. O melhor é não perder tempo, lembrar
sempre de realizar uma avaliação prévia e, então, aproveitar o
prazer de dar boas pedaladas.